terça-feira, 9 de março de 2010

Cirurgia plástica para pets

Procedimentos para correção de problemas de saúde são os únicos recomendados por hospitais veterinários sérios.


Excesso de pele dos Shar peis pode levar à cirurgia para a correção do entrópio
Crédito: Flickr / Jan-Erik Finnberg

A busca pela estética parece ter alcançado até mesmo os amados bichinhos de estimação. Não são raros nas prateleiras de pet shops, cosméticos para cães e gatos, sem contar nas roupinhas, acessórios e cia. O problema é quando o ideal de beleza vai além, fazendo com que os donos submetam seus animais a procedimentos cirúrgicos duvidosos. Para manter o chamado padrão de certas raças, como o Pit Bull, por exemplo, muitos cortavam as orelhas e até a cauda de seus cães. Felizmente, cirurgias com fins puramente estéticos estão proibidas desde 2008, com a resolução publicada em Diário Oficial pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).

Segundo o texto "ficam proibidas as cirurgias consideradas desnecessárias ou que possam impedir a capacidade de expressão do comportamento natural da espécie, sendo permitidas apenas as cirurgias que atendam as indicações clínicas". A lei aplica-se também a retirada das unhas de gatos e das cordas vocais de cães. Mário Marcondes, diretor clínico do Hospital Veterinário Sena Madureira, explica que o número de clientes que procuram o hospital em busca desse tipo de serviço vem caindo, principalmente devido à seriedade de estabelecimentos que se negam a realizá-los. “Quando os clientes descobrem que tais intervenções cirúrgicas (as estéticas) são contra a lei, eles espalham para outras pessoas, facilitando a conscientização coletiva.”

Cirurgia plástica corretora


O Cocker Nick operou a dobra labial para poder ficar sempre em contato com seu irmãozinho Eduardo
Crédito: Arquivo Pessoal / Andrea Gimenez

Ainda sim, alguns criadores apresentam resistência quanto à proibição das cirurgias estéticas, mas felizmente, existe um tipo de cirurgia plástica extremamente benéfica e recomendada: aquelas que visam à saúde e bem-estar dos bichinhos. Segundo Marcelo Quinzani, diretor clínico do Hospital Pet Care, os casos mais comuns são as correções de pálpebra, para eliminar problemas como entrópio (pálpebra virada para dentro em direção à córnea) ou ectrópio (pálpebra virada para fora). A doença é muito comum em raças como Shar Pei, Chow Chow, Pug e nos gatos Persas.

Outros casos nos quais são necessários procedimentos cirúrgicos são os acidentes como atropelamentos, brigas ou queimaduras. Nessas situações é preciso realizar enxertos de pele. O veterinário Mário Marcondes também aponta a cirurgia reconstrutora como uma importante aliada na correção de problemas mais graves. “Se o animal sofre um acidente e perde parte da mandíbula, por exemplo, pode-se realizar uma cirurgia plástica reconstrutora da região para que o animal possa posteriormente voltar a se alimentar normalmente”.

Ainda no grupo de problemas que precisam de cirurgia plástica corretora figuram as pálpebras caídas, provocadas pelo excesso de pele na região da testa, e a dobra labial caída, muito comum na raça Cocker Spaniel, e que causa muita dor e dermatites no local. No primeiro caso, utiliza-se lifting para levantar a pele da testa e até mesmo a aplicação de botox. Já no segundo caso corrige-se o problema com a retirada dessa dobra, formada, geralmente, no lábio inferior.

Esse foi o caso de Nick, um Cocker Spaniel de 11 anos. Sua dona, Andrea Gimenez dos Santos, conta que convive com o problema no lábio do animalzinho desde que ele era filhote, mas sempre cuidava das feridas causadas pelo acúmulo de saliva com pomada antibiótica. “Com a velhice do Nick o problema estava se intensificando, sem contar no nascimento do Eduardo, meu filho. Fiz questão que o cachorro estivesse saudável para conviver com o bebê”.

Segundo Andrea, a melhor alternativa foi optar pela cirurgia para remover parte da pele caída, mesmo sem a garantia de 100% de cura. Hoje, apenas quatro dias após o procedimento, o animal já come normalmente e mantém o mesmo ritmo alegre de sempre. “Depois do nascimento do Edú não poderia simplesmente deixar o Nick, que considero meu filho mais velho, do lado de fora de casa e resolvi assumir o risco da cirurgia”, explica Andrea.

Para finalizar, os especialistas ressaltam que as cirurgias corretoras, por mais simples que pareçam, ainda devem ser tratadas como um procedimento cirúrgico sério, incluindo todos os cuidados durante o pós-operatório dos bichinhos. É preciso, além dos curativos, colocar um colar protetor para que o animal não morda os pontos, bem como a medicação à base de analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos.

Um lindo dia a todos
Ale Cristini

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